07 junho 2009

(in)consequências da idade adulta

Oh!

A idade venturosa da infância!

Onde há outra mais feliz e mais tranquila, mais sorridente - isto é, mais egoísta?...

Em volta de nós podem suceder as piores catástrofes. Se elas nos não arrancam nem os brinquedos nem os bolos, não nos atingem de forma alguma... não as compreendemos sequer...
Quando muito, correm-nos lágrimas vendo chorar as nossas mães.

No entanto, é só ainda vagamente que percebemos a dor humana. Por isso as nossas lágrimas secam depressa diante dos brinquedos. E se o quadro em que nos agitamos é risonho, a infância tansforma-se-nos então num jardim maravilhoso. Para as crianças felizes, só para elas, existe realmente um céu - o ceú dos seus primeiros anos.

(Mário de Sá-Carneiro, in O Incesto)


Quisera eu ser criança todos os dias, pintar o mundo com as minhas cores…quisera eu não pensar em ser adulto…para não pensar.

2 comentários:

  1. Li, há muitos anos, esta e outra obra do autor, mas já não recordava esta passagem, tão lúcida, tão verdadeira... pelo menos para mim!
    Era, sim, era óptimo poder voltar-se ao mundo da infância. :)

    Boa semana.

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  2. Voltei para dizer que, depois de ter passado aqui, peguei no meu exemplar de O Incesto, que comprei no dia 1 de Junho de 1989, precisamente há 20 anos. Ao folheá-lo percebi que são inúmeras as passagens sublinhdas, entre as quais esta. :)

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