10 novembro 2009
22 outubro 2009
30 setembro 2009
09 agosto 2009
recreio
Que está sempre a balouçar
Balouço à beira dum poço,
Bem difícil de montar...
-E um menino de bibe
Sobre ele sempre a brincar...
Se a corda se parte um dia
(E já vai estando esgarçada),
Era uma vez a folia:
Morre a criança afogada...
-Cá por mim não mudo a corda,
Seria grande estopada...
Se o indez morre, deixá-lo...
Mais vale morrer de bibe
Que de casaca... Deixá-lo
Balouçar-se enquanto vive...
-Mudar a corda era fácil...
Tal ideia nunca tive...
27 julho 2009
da minha sensibilidade à tua
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
(Sophia Andresen)
05 julho 2009
às vezes...
25 junho 2009
tempo...
...definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.
Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.
Tempo...
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!
Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia.
Miguel Torga, in 'Cântico do Homem
17 junho 2009
...para quem quiser
Para Ti
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo.
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre.
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida.
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
14 junho 2009
open your eyes
proud like a god don't pretend to be blind
trapped in yourself, break out instead
beat the machine that works in your head"
11 junho 2009
o princípio do fim?
...eis que depois de ter lido um artigo da revista Sábado dou por mim a pesquisar um pouco mais sobre "o fim do mundo em 2012"... pois se nos basearmos no calendário maia (não é o da Maia) haverá no dia 21 de Dezembro de 2012 um alinhamento invulgar entre a Terra, o Sol e o centro da Via Láctea que gerará uma alteração magnética terrestre e que por sua vez dará origem a tsunamis, terramotos, ...só ou algo mais? ...pois...as teorias divergem... e vocês...em que é que acreditam?
09 junho 2009
na busca do que sou
...no silêncio que a minha vida às vezes me premeia dou por mim a pensar no que sou, em quem sou, na complicada humana, mulher, menina,...assumindo os papeis da "idade adulta" dou por mim deslocada do mundo pequenino que eu julgava ser menos cruel...na busca diária de um equilíbrio dou por mim a consultar signos, ascendentes e horóscopos à espera de encontrar soluções que me insiram onde ainda tão longe estou...é nessa busca constante que paro e penso no estranho ser que me invade ora com sorrisos alegres e incandescentes ora com sorrisos forçados...sou por vezes prisioneira de mim mesma...pois até por mim mesma sou traída.
07 junho 2009
(in)consequências da idade adulta
Oh!
A idade venturosa da infância!
Onde há outra mais feliz e mais tranquila, mais sorridente - isto é, mais egoísta?...
Em volta de nós podem suceder as piores catástrofes. Se elas nos não arrancam nem os brinquedos nem os bolos, não nos atingem de forma alguma... não as compreendemos sequer...
Quando muito, correm-nos lágrimas vendo chorar as nossas mães.
No entanto, é só ainda vagamente que percebemos a dor humana. Por isso as nossas lágrimas secam depressa diante dos brinquedos. E se o quadro em que nos agitamos é risonho, a infância tansforma-se-nos então num jardim maravilhoso. Para as crianças felizes, só para elas, existe realmente um céu - o ceú dos seus primeiros anos.
(Mário de Sá-Carneiro, in O Incesto)
Quisera eu ser criança todos os dias, pintar o mundo com as minhas cores…quisera eu não pensar em ser adulto…para não pensar.
27 maio 2009
26 maio 2009
jai ho
Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e Ser eu...
(Alberto Caeiro)
25 maio 2009
boca fechada
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
(José Saramago)
23 maio 2009
...
20 maio 2009
paper planes
If you catch me at the border I got visas in my name
If you come around here, I make 'em all day
I get one down in a second if you wait
Sometimes I feel sitting on trains
Every stop I get to I'm clocking that game
Everyone's a winner now we're making that fame
Bonafide hustler making my name."
Antes pudesse eu voar como papel, bem alto como um avião...em vez de estar sentada à espera do que pode não chegar...ou chegar atrasado...
16 maio 2009
tempo
Conta a história que numa uma ilha viviam os principais sentimentos do homem: Alegria, Tristeza, Vaidade, Sabedoria, e Amor. Um dia, a ilha começou a afundar no oceano. Todos conseguiram alcançar os seus barcos, menos o Amor.
Quando o Amor foi pedir à Riqueza que o salvasse, esta respondeu:
- “Não posso, estou carregada de jóias e ouro”.
Dirigiu-se ao barco da Vaidade, que lhe disse:
- “Sinto muito, mas não quero sujar meu barco”.
O Amor correu para a Sabedoria, mas ela também recusou, dizendo:
- “Quero estar sozinha, estou reflectindo sobre a tragédia, e mais tarde vou escrever um livro sobre isto”.
O Amor começou a afogar-se. Quando estava quase a morrer, apareceu um barco conduzido por um velho que o salvou.
- “Obrigado” – disse, assim que se refez do susto.
– “Mas quem é você”?
- “Sou o Tempo” – respondeu o velho. Só o Tempo é capaz de salvar o Amor.
(adap. Paulo Coelho)
…é que o Tempo passou e o Amor não percebeu … estava demasiado preocupado a pedir ajuda a quem jamais o poderia "salvar"....tempo, esse sábio conselheiro.
14 maio 2009
your best friend has rights
13 maio 2009
cara? coroa?
Considero o mundo por aquilo que ele é...um palco em que cada um deve recitar um papel...e o meu é um papel triste. (cit.William Shakespeare)
caminhos
não queiras ser "folha de papel vazia"..."pequenas coisas, pequenos pontos, vão-te mostrar o caminho"...não fiques imóvel.